domingo, 14 de maio de 2017

Prioridade não existe no plural

Conforme envelhecemos o tempo passa cada vez mais rápido e isto não é novidade nenhuma. Para crianças, uma hora é um dia e um dia pode ser uma eternidade, há tempo para tudo e o dia é muito bem aproveitado até que o cansaço chega e o descanso é necessário para mais um dia com todo o gás. Com o passar dos anos, os dias são transformados em horas e as horas em minutos, ou seria mais realista dizer segundos? O fato é que não conseguimos mais fazer o tudo o que temos para fazer, além disso, as tarefas só aumentam, fazendo com que não saibamos qual será nossa prioridade, e muitas vezes acabamos fazendo projetos que seriam maravilhosos se conseguíssemos dedicar mais tempo a eles, mas não temos tempo a perder, muito menos a dispor.
Uma das minhas frases favoritas é de Pablo Picasso e sempre que ela me vem à cabeça me demoro um tempo refletindo nela. “Apenas deixe para amanhã o que você está disposto a morrer tendo deixado de fazer.” Aí encontro um problema, tenho muitas coisas que não gostaria de abrir mão, e isso foi por uns dias um estimulo para estudar não só para faculdade como para projetos pessoais, comer bem, fazer exercícios, trabalhar, etc. Mas como disse, esse impacto durou apenas alguns dias e o cansaço, a indisposição começaram a voltar. Até que um dia juntei a frase ao pensamento de Mário Sergio Cortella de que a palavra prioridade não existe no plural. Foi aí que comecei a repensar sobre minha prioridade e parece até estranho pensar que quando existe mais de uma prioridade, já deixou de ser prioridade. Porem, é necessário que seja assim para que haja foco, se começo uma atividade pensando em outra, não consigo fazer bem nenhuma, nem outra. Mais uma vez nos tornamos escravos do tempo, porque parece que não temos tempo o suficiente para as duas coisas e precisamos correr, com isso não conseguimos nos dedicar totalmente e todo o tempo do mundo será pouco.
Se, porém, colocamos aquilo que estamos fazendo em primeiro lugar, não importando em quanto tempo será gasto com aquela atividade, será possível ter dedicação e consequentemente, ao final, o sentimento será de leveza e gratidão por ter passado o tempo fazendo algo que realmente gostaria de ter feito. O tempo não durará uma eternidade como para uma criança, mas com certeza poderemos aproveitá-lo muito mais se conseguirmos abrir mão de todas as outras ocupações para se entregar de verdade àquilo que está sendo feito. Assim se dá a dádiva do tempo, conhecendo a prioridade que se tem para aquele momento

 - Emília Gularte